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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Setúbal, Uma cidade de pessoas ilustres

Desconhece-se a origem do topónimo 'Setúbal'. O topónimo já existe em 'Cetóbriga' (Cetoba ou Cetobra + designação celta briga para povoação). A exemplo de outras cidades ibéricas e do sul da Europa, o topónimo 'Setúbal' pode estar relacionado com o topónimo do rio que banha a povoação, referido pelo geógrafo árabe Edrisi (Muhammad Al-Idrisi), como denominar-se Xetubre (sendo esta a tese do Prof. José Hermano Saraiva). É da autoria do historiador da época filipina Frei Bernardo de Brito a tese que uma das personagens de Bíblia, Tubal neto de Noé, e também o nome com que aí vem referida uma das nações estrangeiras, identificada na História dos Hebreus de Flávio Josefo com os iberos, teria dado origem à cidade. Seja como for, o topónimo ‘Setúbal’ e a cidade perdem-se no rasto dos tempos.Setúbal nasceu do rio e do mar. Os registos de ocupação humana no território  do concelho remontam à pré-história, tendo sido recolhidos, em vários locais, numerosos vestígios desde o Neolítico. Foi visitada por fenícios, gregos e cartagineses, que vinham à Ibéria em procura do sal e do estanho, nomeadamente a Alcácer do Sal, sendo então o rio navegável até esta povoação. Aquando da  ocupação romana, Setúbal experimentou um enorme desenvolvimento. Os romanos instalaram na povoação fábricas de salga de peixe e fornos para cerâmica que desenvolveram igualmente. A queda do império romano, as invasões bárbaras, a constante pirataria de cabotagem causaram uma estagnação, senão mesmo desaparecimento da povoação entre os séculos VI e XII. Nomeadamente neste último século, não existem quaisquer registos da povoação, ‘entalada’ entre a Palmela cristã e a Alcácer do Sal árabe.Alcácer do Sal foi conquistada pelos cristãos em 1217, tendo a povoação de Setúbal sido incorporada e passado a beneficiar da protecção da Ordem de Santiago, momento a partir do qual voltou a prosperar. Em Março de 1249, Setúbal recebeu foral, concedido pela Ordem de Santiago, senhora desta região, e subscrito por D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago, e por Gonçalo Peres, comendador de Mértola. Durante os vários séculos de apagamento da povoação de Setúbal, Palmela e Alcácer do Sal cresceram em habitantes e importância militar, económica e geográfica, fazendo sucessivas incursões no termo de Setúbal, ocupando-o. Na primeira metade do séc. XIV a povoação de Setúbal, com uma extensão territorial relativamente diminuta, teve de afirmar-se, lutando com os concelhos vizinhos de Palmela e de Alcácer do Sal, já então constituídos, iniciando-se uma contenda entre vizinhos que termina pelo acordo de demarcação de termo próprio em 1343 (reinado de D. Afonso IV), tendo sido construída uma rede de muralhas, que deixam de fora os arrabaldes do Troino e Palhais (bairos antigos). No século que se seguiu, a realeza e a nobreza de então fixaram residência sazonal em Setúbal. A época dos descobrimentos e conquistas em África trouxe a Setúbal um grande desenvolvimento, tendo D. Afonso V e o seu exército, em 1458, partido do porto de Setúbal à conquista de Alcácer Ceguer. Ao longo do século XV, a vila desenvolveu diversas actividades económicas, ligadas sobretudo à indústria naval e ao comércio marítimo, tirando rendimentos elevados com os direitos cobrados pela entrada no porto. É dos finais do século XV, princípios do sec. XVI, período de franco desenvolvimento nacional, que data a construção do Convento de Jesus e da sua Igreja, fundado por Dª. Justa Rodrigues Pereira para albergar a Ordem franciscana feminina de Santa Clara, sendo, muito provavelmente, obra arquitectónica do Mestre Diogo Boitaca, o mesmo que se ocupou do Mosteiro dos Jerónimos. É igualmente no reinado de D. João II (que tinha Setúbal como cidade predilecta) que se iniciou a construção da Praça do Sapal (hoje Praça de Bocage, ex-líbris da cidade), e a construção de um aqueduto, em 1487, que conduzia a água à vila, obras que foram posteriormente terminadas ou ampliadas por D. Manuel I. Este monarca reformou o foral da vila, em 1514, devido ao progresso e aumento demográfico que Setúbal registara ao longo do último século. O título de "notável villa" é concedido, em 1525, por D. João III. Foi este título que proporcionou a criação, em 1553, por carta do arcebispo de Lisboa, D. Fernando, de duas novas freguesias, a de São Sebastião e a da Anunciada, que se juntaram às já existentes de São Julião e de Santa Maria. Em 1580, a vila tomou posição por D. António Prior do Crato, contra a eventual ocupação do trono português por Filipe II de Espanha. Foi então cercada por tropas espanholas do Duque de Alba, sendo esta localidade dois anos depois visitada por Filipe II, o qual deu ordem de construção do Forte de São Filipe (uma obra de Filippo Terzi).No séc. XVII, Setúbal atingiu o seu auge de prosperidade quando o sal assumiu um papel preponderante como moeda de troca e retribuição da ajuda militar ao apoio fornecido pelos estados europeus a Portugal durante e após as guerras da Restauração da Independência. Em resposta a este incremento, foram construídas após 1640 as novas muralhas de Setúbal, que incluíram novas áreas como a do Troino e Palhais. Esta prosperidade foi interrompida com o terramoto de 1755, a que se associaram a fúria do mar e do fogo. Foram grandemente afectadas as freguesias de São Julião e Anunciada. Apenas no Século XIX, Setúbal conheceu o incremento que perdera. Em 1860 chegou o caminho-de-ferro, iniciaram-se também as obras de aterro sobre o rio e a construção da Avenida Luísa Todi. É neste século que teve início a laboração das primeiras fábricas de conservas de sardinha em azeite e, em paralelo, ganharam fama as laranjas e o moscatel de Setúbal. Ainda em 19 de Abril de 1860 foi elevada a cidade por D. Pedro V. O florescimento de Setúbal durante o século XX, reflecte-se na criação de novos espaços urbanísticos: crescimento da Avenida Luísa Todi, parte da Avenida dos Combatentes e criação dos Bairros Salgado, Monarquina, de São Nicolau, da Conceição, Carmona, do Liceu e Montalvão e no desenvolvimento das indústrias das conservas, dos adubos, dos cimentos, da pasta de papel, naval e metalomecânica pesada. Setúbal foi elevada, em 1926, a sede de distrito e, em 1975, a sede de diocese.
Nesta cidade nasceram pessoas ilustres como José Mourinho e Barbosa du Bocage.

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